Descendente de antiga família de ciganos fazendeiros de criação, ligada à política e ao militarismo na Província do Ceará,
era filho de Antônio Bezerra de Menezes (tenente-coronel da Guarda Nacional)
e de Fabiana de Jesus Maria Bezerra.[1]
Em 1838,
aos sete anos de idade, ingressou na escola pública da Vila do Frade (adjacente
ao Riacho do Sangue, atual Jaguaretama) onde, em dez meses, aprendeu os
princípios da educação elementar.[2]
Em 1842,
como consequência de perseguições políticas e dificuldades financeiras, a sua
família mudou-se para a antiga vila de Maioridade (Serra do Martins), no Rio Grande do Norte,
onde o jovem, então com onze anos de idade, foi matriculado na aula pública
de latim. Após dois anos já substituía o
professor em classe, em seus impedimentos.[2]
Em 1846,
a família retornou à Província do Ceará, fixando residência na capital, Fortaleza. O jovem foi matriculado no Liceu do Ceará, onde concluiu os estudos
preparatórios
Em 1851, ano de falecimento
de seu pai, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde, naquele mesmo ano, iniciou os
estudos de Medicina na Faculdade de Medicina do Rio de
Janeiro.
Em Novembro do ano seguinte,
ingressou como residente no hospital da Santa Casa de Misericórdia do Rio de
Janeiro.[2] Para
prover os seus estudos, dava aulas particulares de filosofia e matemática.
Graduou-se em 1856, com a defesa
da tese:
"Diagnóstico do Cancro".[1][2][3] Nesse
ano, o Governo Imperial decretou a reforma do Corpo de Saúde do Exército Brasileiro, e nomeou para chefiá-lo,
como Cirurgião-mor, o Dr. Manuel Feliciano
Pereira Carvalho, seu antigo professor, que o convidou para
trabalhar como seu assistente.[4]
A 27 de abril de 1857 candidatou-se ao
quadro de membros titulares da Academia Imperial de Medicina com a
memória "Algumas considerações sobre o cancro, encarado pelo lado do seu
tratamento".[4] O
académico José Pereira Rego leu o parecer na sessão
de 11 de maio,
tendo a eleição transcorrido na de 18 de maio e
a posse na de 1 de junho do mesmo ano.[2]
Em 1858 candidatou-se a
uma vaga de lente substituto da Secção de
Cirurgia da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.[2] Nesse
ano saiu a sua nomeação oficial como assistente do Corpo de Saúde do Exército,
no posto de Cirurgião-Tenente[2] e,
a 6 de novembro, desposou Maria Cândida de
Lacerda, que viria a falecer de mal súbito em 24 de março de 1863, deixando-lhe dois
filhos, um de três e outro de um ano de idade.
No período de 1859 a 1861 exerceu a função
de redator dos Anais
Brasilienses de Medicina, periódico da Academia Imperial de
Medicina.[4]
Em 1865 desposou, em
segundas núpcias, Cândida Augusta de Lacerda Machado, irmã por parte de mãe de
sua primeira esposa, e que cuidava de seus filhos até então, com quem teve mais
sete filhos.
Por sua postura de médico caridoso,
atendendo pessoas que necessitavam mas não podiam pagar, ficou conhecido como
"O Médico dos Pobres".[5]É
relatado em suas biografias o episódio que Bezerra doou o seu anel de grau em
medicina a uma mãe para que comprasse os remédios de que seu filho precisava.[6]
“
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O médico verdadeiro é isto: não tem o direito de acabar a refeição, de
escolher a hora, de inquirir se é longe ou perto... O que não acode por estar
com visitas, por ter trabalhado e achar-se fatigado ou por ser alta à noite,
mau o caminho e o tempo, ficar perto ou longe do morro; o que sobretudo pede
um carro a quem não tem com que pagar a receita, ou diz a quem lhe chora à
porta que procure outro - esse não é médico, é negociante da medicina, que
trabalha para recolher capital e juros dos gastos da formatura.
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Trajetória
política[editar | editar
código-fonte]
No
final dos anos 1850, a Câmara
Municipal do Município Neutro tinha
como presidente Roberto Jorge
Haddock Lobo, do Partido
Conservador. Ao mesmo tempo, Bezerra de Menezes já se notabilizara
pela atuação profissional e pelo trabalho voltado à população carente. Desse
modo, em 1860, em uma reunião política, alguns amigos
levantaram a candidatura de Bezerra de Menezes, pelo Partido
Liberal, como representante da paróquia de São
Cristóvão, onde então residia, à Câmara. Ciente da indicação,
Bezerra recusou-a inicialmente, mas, por insistência, acabou se comprometendo
apenas em não fazer uma declaração pública de recusa dos votos que lhe fossem
outorgados.
Abertas
as urnas e
apurados os votos, Bezerra fora eleito. Os seus
adversários, liderados por Haddock Lobo, impugnaram a posse sob o argumento de
que militares de Segunda Classe não podiam exercer o cargo de Vereador. Desse
modo, para apoiar o Partido, que necessitava dele para obter a maioria na
Câmara, decidiu requerer exoneração do Corpo de Saúde (26 de março de 1861).
Desfeito o impedimento, foi empossado no mesmo ano.[2][8]
Foi
reeleito vereador da Câmara Municipal do Município Neutro para
o período de 1864 a 1868.
Foi
eleito deputado Provincial pelo Rio de Janeiro em 1866,
apesar da oposição do então primeiro-ministro Zacarias de Góis e
dos chefes liberais - senador Bernardo de Sousa
Franco (visconde de Sousa
Franco) e deputado Francisco
Otaviano de Almeida Rosa. Empossado em 1867,
a Câmara dos Deputados foi dissolvida no ano seguinte (1868), devido à ascensão
do Partido Conservador.
Retornou
à política como vereador no período de 1873 a 1885,
ocupando várias vezes as funções de presidente interino da Câmara Municipal,
efetivando-se em julho de 1878, cargo que
corresponderia atualmente ao de Prefeito.
Foi
eleito deputado geral pela Província do
Rio de Janeiro no período de 1877 a
1885, ano em que encerrou a sua carreira política. Neste período acumulou o
exercício da presidência da Câmara e do Poder Executivo Municipal. Em sua
atuação como deputado, destacam-se algumas iniciativas pioneiras: buscou,
através de projeto de lei, regulamentar o trabalho doméstico, visando conceder
a essa categoria, inclusive, o aviso prévio de 30 dias; denunciou os
perigos da poluição que já
naquela época afetava a população do Rio de Janeiro,
promovendo providências para combatê-la.[9] Foi membro, a partir de 1882,
das Comissões de Obras Públicas, Redação e Orçamento.