Reconheceu-se mais tarde que a cesta e a prancheta
não eram, realmente, mais do que um apêndice da mão; e o
médium, tomando diretamente do lápis, se pôs a escrever
por um impulso involuntário e quase febril. Dessa maneira, as comunicações se tornaram mais rápidas, mais fáceis
e mais completas. Hoje é esse o meio geralmente empregado e com tanto mais razão quanto o número das pessoas dotadas dessa aptidão é muito considerável e cresce todos
os dias. Finalmente, a experiência deu a conhecer muitas
outras variedades da faculdade mediadora, vindo-se a saber que as comunicações podiam igualmente ser transmitidas pela palavra, pela audição, pela visão, pelo tato, etc., e
até pela escrita direta dos Espíritos, isto é, sem o concurso
da mão do médium, nem do lápis.
Obtido o fato, restava comprovar um ponto essencial
— o papel do médium nas respostas e a parte que, mecânica e moralmente, pode ter nelas. Duas circunstâncias capitais, que não escapariam a um observador atento, tornam
possível resolver-se a questão. A primeira consiste no modo
por que a cesta se move sob a influência do médium, apenas lhe impondo este os dedos sobre os bordos. O exame
do fato demonstra a impossibilidade de o médium imprimir
uma direção qualquer ao movimento daquele objeto. Essa
impossibilidade se patenteia, sobretudo, quando duas ou
três pessoas colocam juntamente as mãos sobre a cesta.
Fora preciso entre elas uma concordância verdadeiramente
fenomenal de movimentos. Fora preciso, demais, a concordância dos pensamentos, para que pudessem estar de acordo quanto à resposta a dar à questão formulada. Outro
fato, não menos singular, ainda vem aumentar a dificuldade. É a mudança radical da caligrafia, conforme o Espírito
que se manifesta, reproduzindo-se a de um determinado
Espírito todas as vezes que ele volta a escrever. Fora necessário, pois, que o médium se houvesse exercitado em dar à
sua própria caligrafia vinte formas diferentes e, principalmente, que pudesse lembrar-se da que corresponde a tal
ou tal Espírito.
A segunda circunstância resulta da natureza mesma
das respostas que, as mais das vezes, especialmente quando se ventilam questões abstratas e científicas, estão notoriamente fora do campo dos conhecimentos e, amiúde, do
alcance intelectual do médium, que, além disso, como de
ordinário sucede, não tem consciência do que se escreve
debaixo da sua influência; que, freqüentemente, não entende ou não compreende a questão proposta, pois que esta
o pode ser num idioma que ele desconheça, ou mesmo mentalmente, podendo a resposta ser dada nesse idioma. Enfim, acontece muito escrever a cesta espontaneamente, sem
que se haja feito pergunta alguma, sobre um assunto
qualquer, inteiramente inesperado.
Em certos casos, as respostas revelam tal cunho de
sabedoria, de profundeza e de oportunidade; exprimem pensamentos tão elevados, tão sublimes, que não podem emanar senão de uma Inteligência superior, impregnada da mais
pura moralidade. Doutras vezes, são tão levianas, tão frívolas, tão triviais, que a razão recusa admitir derivem da mesma fonte. Tal diversidade de linguagem não se pode explicar senão pela diversidade das Inteligências que se
manifestam. E essas Inteligências estão na Humanidade
ou fora da Humanidade? Este o ponto a esclarecer-se e
cuja explicação se encontrará completa nesta obra, como a
deram os próprios Espíritos.
Eis, pois, efeitos patentes, que se produzem fora do
círculo habitual das nossas observações; que não ocorrem
misteriosamente, mas, ao contrário, à luz meridiana, que
toda gente pode ver e comprovar; que não constituem privilégio de um único indivíduo e que milhares de pessoas repetem todos os dias. Esses efeitos têm necessariamente uma
causa e, do momento que denotam a ação de uma inteligência e de uma vontade, saem do domínio puramente físico.
Muitas teorias foram engendradas a este respeito.
Examiná-las-emos dentro em pouco e veremos se são capazes de oferecer a explicação de todos os fatos que se observam. Admitamos, enquanto não chegamos até lá, a existência de seres distintos dos humanos, pois que esta é a
explicação ministrada pelas Inteligências que se manifestam, e vejamos o que eles nos dizem.
segunda-feira, 29 de abril de 2019
sexta-feira, 26 de abril de 2019
Livro dos espiritos IV capítulo.
Se os fenômenos, com que nos estamos ocupando, houvessem ficado restritos ao movimento dos objetos, teriam
permanecido, como dissemos, no domínio das ciências físicas. Assim, entretanto, não sucedeu: estava-lhes reservado colocar-nos na pista de fatos de ordem singular. Acreditaram haver descoberto, não sabemos pela iniciativa de
quem, que a impulsão dada aos objetos não era apenas o
resultado de uma força mecânica cega; que havia nesse
movimento a intervenção de uma causa inteligente. Uma
vez aberto, esse caminho conduziu a um campo totalmente
novo de observações. De sobremuitos mistérios se erguia o
véu. Haverá, com efeito, no caso, uma potência inteligente?
Tal a questão. Se essa potência existe, qual é ela, qual a
sua natureza, a sua origem? Encontra-se acima da Humanidade? Eis outras questões que decorrem da anterior.
As primeiras manifestações inteligentes se produziram
por meio de mesas que se levantavam e, com um dos pés,
davam certo número de pancadas, respondendo desse modo
— sim, ou — não, conforme fora convencionado, a uma
pergunta feita. Até aí nada de convincente havia para os
cépticos, porquanto bem podiam crer que tudo fosse obra
do acaso. Obtiveram-se depois respostas mais desenvolvidas com o auxílio das letras do alfabeto: dando o móvel um
número de pancadas correspondente ao número de ordemde cada letra, chegava-se a formar palavras e frases que
respondiam às questões propostas. A precisão das respostas e a correlação que denotavam com as perguntas causaram espanto. O ser misterioso que assim respondia, interrogado sobre a sua natureza, declarou que era Espírito ou
Gênio, declinou um nome e prestou diversas informações a
seu respeito. Há aqui uma circunstância muito importante, que se deve assinalar. É que ninguém imaginou os Espíritos como meio de explicar o fenômeno; foi o próprio fenômeno que revelou a palavra. Muitas vezes, em se tratando
das ciências exatas, se formulam hipóteses para dar-se uma
base ao raciocínio. Não é aqui o caso.
Tal meio de correspondência era, porém, demorado e
incômodo. O Espírito (e isto constitui nova circunstância
digna de nota) indicou outro. Foi um desses seres invisíveis
quem aconselhou a adaptação de um lápis a uma cesta ou
a outro objeto. Colocada em cima de uma folha de papel, a
cesta é posta em movimento pela mesma potência oculta
que move as mesas; mas, em vez de um simples movimento
regular, o lápis traça por si mesmo caracteres formando
palavras, frases, dissertações de muitas páginas sobre as
mais altas questões de filosofia, de moral, de metafísica, de
psicologia, etc., e com tanta rapidez quanta se se escrevesse com a mão.
O conselho foi dado simultaneamente na América, na
França e em diversos outros países. Eis em que termos o
deram em Paris, a 10 de junho de 1853, a um dos mais
fervorosos adeptos da doutrina e que, havia muitos anos,
desde 1849, se ocupava com a evocação dos Espíritos: “Vai
buscar, no aposento ao lado, a cestinha; amarra-lhe umlápis; coloca-a sobre o papel; põe-lhe os teus dedos sobre a
borda.” Alguns instantes após, a cesta entrou a mover-se e
o lápis escreveu, muito legível, esta frase: “Proíbo expressamente que transmitas a quem quer que seja o que acabo de
dizer. Da primeira vez que escrever, escreverei melhor.”
O objeto a que se adapta o lápis, não passando de mero
instrumento, completamente indiferentes são a natureza e
a forma que tenha. Daí o haver-se procurado dar-lhe a disposição mais cômoda. Assim é que muita gente se serve de
uma prancheta pequena.
A cesta ou a prancheta só podem ser postas em movimento debaixo da influência de certas pessoas, dotadas,
para isso, de um poder especial, as quais se designam pelo
nome de médiuns, isto é — meios ou intermediários entre
os Espíritos e os homens. As condições que dão esse poder
resultam de causas ao mesmo tempo físicas e morais, ainda imperfeitamente conhecidas, porquanto há médiuns de
todas as idades, de ambos os sexos e em todos os graus
de desenvolvimento intelectual. É, todavia, uma faculdade
que se desenvolve pelo exercício.
quinta-feira, 25 de abril de 2019
Livro dos espiritos III capíttulo.
Como tudo que constitui novidade, a doutrina espírita
conta adeptos e contraditores. Vamos tentar responder a
algumas das objeções destes últimos, examinando o valor
dos motivos em que se apóiam sem alimentarmos, todavia,
a pretensão de convencer a todos, pois muitos há que
crêem ter sido a luz feita exclusivamente para eles. Dirigimo-
-nos aos de boa-fé, aos que não trazem idéias preconcebidas ou decididamente firmadas contra tudo e todos, aos
que sinceramente desejam instruir-se e lhes demonstraremos que a maior parte das objeções opostas à doutrina
promanam de incompleta observação dos fatos e de juízo
leviano e precipitadamente formado.
Lembremos, antes de tudo, em poucas palavras, a
série progressiva dos fenômenos que deram origem a esta
doutrina.
7a pro. O primeiro fato observado foi o da movimentação de
objetos diversos. Designaram-no vulgarmente pelo nome
de mesas girantes ou dança das mesas. Este fenômeno,
que parece ter sido notado primeiramente na América, ou,
melhor, que se repetiu nesse país, porquanto a História prova
que ele remonta à mais alta antiguidade, se produziu
rodeado de circunstâncias estranhas, tais como ruídos
insólitos, pancadas sem nenhuma causa ostensiva. Em
seguida, propagou-se rapidamente pela Europa e pelas
outras partes do mundo. A princípio quase que só encontrou
incredulidade, porém, ao cabo de pouco tempo, a
multiplicidade das experiências não mais permitiu lhe
pusessem em dúvida a realidade.
Se tal fenômeno se houvesse limitado ao movimento
de objetos materiais, poderia explicar-se por uma causa
puramente física. Estamos longe de conhecer todos os
agentes ocultos da Natureza, ou todas as propriedades dos
que conhecemos: a eletricidade multiplica diariamente os
recursos que proporciona ao homem e parece destinada a
iluminar a Ciência com uma nova luz. Nada de impossível
haveria, portanto, em que a eletricidade modificada por
certas circunstâncias, ou qualquer outro agente desconhecido,
fosse a causa dos movimentos observados. O fato de que a
reunião de muitas pessoas aumenta a potencialidade da
ação parecia vir em apoio dessa teoria, visto poder-se considerar o conjunto dos assistentes como uma pilha múltipla, com o seu potencial na razão direta do número dos
elementos.
O movimento circular nada apresentava de extraordinário: está na Natureza. Todos os astros se movem em curvas elipsóides; poderíamos, pois, ter ali, em ponto menor,
um reflexo do movimento geral do Universo, ou melhor,
uma causa, até então desconhecida, produzindo acidentalmente, com pequenos objetos em dadas condições, uma
corrente análoga à que impele os mundos.
Mas, o movimento nem sempre era circular; muitas
vezes era brusco e desordenado, sendo o objeto violentamente sacudido, derribado, levado numa direção qualquer
e, contrariamente a todas as leis da estática, levantado e
mantido em suspensão. Ainda aqui nada havia que se não
pudesse explicar pela ação de um agente físico invisível.
Não vemos a eletricidade deitar por terra edifícios,
desarraigar árvores, atirar longe os mais pesados corpos,
atraí-los ou repeli-los?
Os ruídos insólitos, as pancadas, ainda que não fossem um dos efeitos ordinários da dilatação da madeira, ou
de qualquer outra causa acidental, podiam muito bem ser
produzidos pela acumulação de um fluido oculto: a eletricidade não produz formidáveis ruídos?
Até aí, como se vê, tudo pode caber no domínio dos
fatos puramente físicos e fisiológicos. Sem sair desse âmbito de idéias, já ali havia, no entanto, matéria para estudos
sérios e dignos de prender a atenção dos sábios. Por que
assim não aconteceu? É penoso dizê-lo, mas o fato deriva
de causas que provam, entre mil outros semelhantes, a leviandade do espírito humano. A vulgaridade do objeto principal que serviu de base às primeiras experiências não foi
alheia à indiferença dos sábios. Que influência não tem
tido muitas vezes uma palavra sobre as coisas mais graves!
Sem atenderem a que o movimento podia ser impresso a um objeto qualquer, a idéia das mesas prevaleceu, sem dúvida, por ser o objeto mais cômodo e porque, à roda de uma mesa, muito mais naturalmente do que em torno de qualquer outro móvel, se sentam diversas pessoas. Ora, os homens superiores são com freqüência tão pueris que não há como ter por impossível que certos espíritos de escol hajam considerado deprimente ocuparem-se com o que se convencionara chamar a dança das mesas. É mesmo provável que se o fenômeno observado por Galvâni o fora por homens vulgares e ficasse caracterizado por um nome burlesco, ainda estaria relegado a fazer companhia à varinha mágica. Qual, com efeito, o sábio que não houvera julgado uma indignidade ocupar-se com a dança das rãs? Alguns, entretanto, muito modestos para convirem em que bem poderia dar-se não lhes ter ainda a Natureza dito a última palavra, quiseram ver, para tranqüilidade de suas consciências. Mas aconteceu que o fenômeno nem sempre lhes correspondeu à expectativa e, do fato de não se haver produzido constantemente à vontade deles e segundo a maneira de se comportarem na experimentação, concluíram pela negativa. Malgrado, porém, ao que decretaram, as mesas — pois que há mesas — continuam a girar e podemos dizer com Galileu: todavia, elas se movem! Acrescentaremos que os fatos se multiplicaram de tal modo que desfrutam hoje do direito de cidade, não mais se cogitando senão de lhes achar uma explicação racional. Contra a realidade do fenômeno, poder-se-ia induzir alguma coisa da circunstância de ele não se produzir de modo sempre idêntico, conformemente à vontade e às exigências do observador? Os fenômenos de eletricidade e de química não estão subordinados a certas condições? Será lícito negá-los, porque não se produzem fora dessas condições? Que há, pois, de surpreendente em que o fenômeno do movimento dos objetos pelo fluido humano também se ache sujeito a determinadas condições e deixe de se produzir quando o observador, colocando-se no seu ponto de vista, pretende fazê-lo seguir a marcha que caprichosamente lhe imponha, ou queira sujeitá-lo às leis dos fenômenos conhecidos, sem considerar que para fatos novos pode e deve haver novas leis? Ora, para se conhecerem essas leis, preciso é que se estudem as circunstâncias em que os fatos se produzem e esse estudo não pode deixar de ser fruto de observação perseverante, atenta e às vezes muito longa. Objetam, porém, algumas pessoas: há freqüentemente fraudes manifestas. Perguntar-lhes-emos, em primeiro lugar, se estão bem certas de que haja fraudes e se não tomaram por fraude efeitos que não podiam explicar, mais ou menos como o camponês que tomava por destro escamoteador um sábio professor de Física a fazer experiências. Admitindo-se mesmo que tal coisa tenha podido verificar-se algumas vezes, constituiria isso razão para negar-se o fato? Dever-se-ia negar a Física, porque há prestidigitadores que se exornam com o título de físicos? Cumpre, ao demais, se leve em conta o caráter das pessoas e o interesse que possam ter em iludir. Seria tudo, então, mero gracejo? Admite-se que uma pessoa se divirta por algum tempo, mas um gracejo prolongado indefinidamente se tornaria tão fastidioso para o mistificador, como para o mistificado. Acresce que, numa mistificação que se propaga de um extremo a outro do mundo e por entre as mais austeras, veneráveis e esclarecidas personalidades, qualquer coisa há, com certeza, tão extraordinária, pelo menos, quanto o próprio fenômeno.
Sem atenderem a que o movimento podia ser impresso a um objeto qualquer, a idéia das mesas prevaleceu, sem dúvida, por ser o objeto mais cômodo e porque, à roda de uma mesa, muito mais naturalmente do que em torno de qualquer outro móvel, se sentam diversas pessoas. Ora, os homens superiores são com freqüência tão pueris que não há como ter por impossível que certos espíritos de escol hajam considerado deprimente ocuparem-se com o que se convencionara chamar a dança das mesas. É mesmo provável que se o fenômeno observado por Galvâni o fora por homens vulgares e ficasse caracterizado por um nome burlesco, ainda estaria relegado a fazer companhia à varinha mágica. Qual, com efeito, o sábio que não houvera julgado uma indignidade ocupar-se com a dança das rãs? Alguns, entretanto, muito modestos para convirem em que bem poderia dar-se não lhes ter ainda a Natureza dito a última palavra, quiseram ver, para tranqüilidade de suas consciências. Mas aconteceu que o fenômeno nem sempre lhes correspondeu à expectativa e, do fato de não se haver produzido constantemente à vontade deles e segundo a maneira de se comportarem na experimentação, concluíram pela negativa. Malgrado, porém, ao que decretaram, as mesas — pois que há mesas — continuam a girar e podemos dizer com Galileu: todavia, elas se movem! Acrescentaremos que os fatos se multiplicaram de tal modo que desfrutam hoje do direito de cidade, não mais se cogitando senão de lhes achar uma explicação racional. Contra a realidade do fenômeno, poder-se-ia induzir alguma coisa da circunstância de ele não se produzir de modo sempre idêntico, conformemente à vontade e às exigências do observador? Os fenômenos de eletricidade e de química não estão subordinados a certas condições? Será lícito negá-los, porque não se produzem fora dessas condições? Que há, pois, de surpreendente em que o fenômeno do movimento dos objetos pelo fluido humano também se ache sujeito a determinadas condições e deixe de se produzir quando o observador, colocando-se no seu ponto de vista, pretende fazê-lo seguir a marcha que caprichosamente lhe imponha, ou queira sujeitá-lo às leis dos fenômenos conhecidos, sem considerar que para fatos novos pode e deve haver novas leis? Ora, para se conhecerem essas leis, preciso é que se estudem as circunstâncias em que os fatos se produzem e esse estudo não pode deixar de ser fruto de observação perseverante, atenta e às vezes muito longa. Objetam, porém, algumas pessoas: há freqüentemente fraudes manifestas. Perguntar-lhes-emos, em primeiro lugar, se estão bem certas de que haja fraudes e se não tomaram por fraude efeitos que não podiam explicar, mais ou menos como o camponês que tomava por destro escamoteador um sábio professor de Física a fazer experiências. Admitindo-se mesmo que tal coisa tenha podido verificar-se algumas vezes, constituiria isso razão para negar-se o fato? Dever-se-ia negar a Física, porque há prestidigitadores que se exornam com o título de físicos? Cumpre, ao demais, se leve em conta o caráter das pessoas e o interesse que possam ter em iludir. Seria tudo, então, mero gracejo? Admite-se que uma pessoa se divirta por algum tempo, mas um gracejo prolongado indefinidamente se tornaria tão fastidioso para o mistificador, como para o mistificado. Acresce que, numa mistificação que se propaga de um extremo a outro do mundo e por entre as mais austeras, veneráveis e esclarecidas personalidades, qualquer coisa há, com certeza, tão extraordinária, pelo menos, quanto o próprio fenômeno.
quarta-feira, 24 de abril de 2019
Drogas na visão espirita.
O MUNDO SÓ É UMA DROGA PARA QUEM SE DROGA NO MUNDO
Randal Juliano.
Vimos atender o pedido de diversos jovens e pais que chegam até nós, solicitando um esclarecimento sobre as drogas. Comecemos então, pela definição do termo: droga é qualquer substância estranha ao nosso corpo, que, estando dentro dele, nos cause alterações fisiológicas ou psíquicas, assim, droga é aquele remédio que você toma para sarar da gripe ou a vacina que você tomou quando era pequeno... mas não pára por aí, pois também pode ser utilizada para deprimir, estimular ou perturbar nossa atividade cerebral, por isso são chamadas drogas psicotrópicas.
São depressores : álcool ; soníferos ou hipnóticos (barbitúricos); ansiolíticos (acalmam, inibem a ansiedade) as principais drogas pertencentes a essa classificação são os benzodiazepínicos (diazepam, lorazepam, etc); opiáceos (aliviam a dor e dão sonolência) como a morfina, heroína, codeína e meperidina; inalantes ou solventes (colas, tintas, removedores, etc).
Vimos atender o pedido de diversos jovens e pais que chegam até nós, solicitando um esclarecimento sobre as drogas. Comecemos então, pela definição do termo: droga é qualquer substância estranha ao nosso corpo, que, estando dentro dele, nos cause alterações fisiológicas ou psíquicas, assim, droga é aquele remédio que você toma para sarar da gripe ou a vacina que você tomou quando era pequeno... mas não pára por aí, pois também pode ser utilizada para deprimir, estimular ou perturbar nossa atividade cerebral, por isso são chamadas drogas psicotrópicas.
São depressores : álcool ; soníferos ou hipnóticos (barbitúricos); ansiolíticos (acalmam, inibem a ansiedade) as principais drogas pertencentes a essa classificação são os benzodiazepínicos (diazepam, lorazepam, etc); opiáceos (aliviam a dor e dão sonolência) como a morfina, heroína, codeína e meperidina; inalantes ou solventes (colas, tintas, removedores, etc).
São estimulantes : anorexígenos (diminuem a fome), como as anfetaminas; cocaína ; rebites (utilizados por caminhoneiros, para atravessarem as noites sem dormir).
São perturbadores : mescalina (do cacto mexicano), THC (substância ativa da maconha), psilocibina (de certos cogumelos), lírio , LSD , ecstasy , anticolinérgicos .
O tabaco não provoca grandes alterações cerebrais, portanto não é classificado como psicotrópico. Um dos grandes portais para o vício é a facilidade de se obter a droga. No contexto legal, as drogas se dividem em drogas lícitas e ilícitas. Drogas lícitas são aquelas vendidas legalmente, controladas ou não, como: álcool, cigarro, cola de sapateiro, moderadores de apetite, estimulantes (rebites), morfina, éter, benzina, barbitúricos, xaropes (opióides) e tranqüilizantes. Ilícitas são as drogas comercializadas ilegalmente, como a maconha, cocaína, heroína, crack, LSD e tantas outras.
Independentemente de ser lícita ou não, a droga causa diversos males ao organismo (alguns irreversíveis), dependendo do modo que ela é utilizada. É destes males e o porquê vamos atrás das drogas.
Vamos agora refletir um pouco sobre os grandes prejuízos que as drogas (de qualquer espécie) trazem ao espírito e ao perispírito. Como já dissemos, tudo que fazemos, absorvemos ou emanamos energia, positiva ou negativa, dependendo do quê estivermos fazendo/pensando. Ao consumirmos uma droga, uma tragada no cigarro, um gole na bebida alcoólica, uma injetada, aspirada, seja lá como consumirmos, liberamos uma grande quantidade de energia, como se fosse uma fumaça, que fica à nossa volta. Imagine que esta fumaça fosse um perfume que lhe agrada. Você se sente bem ao lado de quem está usando, então, procura ali permanecer. Assim funciona no mundo invisível: ficamos envoltos por energias negativas, espíritos imperfeitos, a fim de aproveitarem aquele "barato" também, se aproximam de nós e absorvem esta energia. Quando o efeito passa, eles, querendo mais , influenciam nossas idéias, a fim de que consumamos mais e mais. "Mas e o meu livre arbítrio???", pergunta aquele manézinho. Pois é, temos nosso livre arbítrio para escolher entre consumir ou não. Porém, estas influências espirituais atingem nosso subconsciente, e por muitíssimas vezes, o que pensamos que é nossa idéia ou vontade é a idéia ou vontade de um espírito que está ao nosso lado, nos influenciando positiva, ou negativamente.
Quando nosso organismo está em desequilíbrio fisiológico, nosso perispírito tenta "sugar" aquele "mal" acumulado naquela parte do corpo, bombardeando aquela região com energia positiva. Porém, quando isto acontece por muito tempo, o perispírito se desgasta tanto, que se machuca também, aí passamos aquele problema para nosso corpo espiritual. Que problema? Aos fumantes, uma mancha negra na região do pulmão, aos alcoólatras, geralmente uma mancha negra na região do fígado, aos usuários de drogas psicotrópicas, geralmente uma mancha negra na região da cabeça, lembrando, no perispírito. Daí provém as dores que os espíritos de viciados dizem sentir no Plano Espiritual, e a maioria das doenças que nos afetam desde nosso nascimento ao reencarnarmos, pois quando o perispírito está em desequilíbrio energético, a matéria tenta absorver este problema, resultando em males no corpo físico.
E quando nos drogamos, além do "barato" que sentimos, ganhamos de brinde vários "amigos" espirituais, geralmente de ex-viciados, que como não possuem mais um corpo físico, consomem as drogas através de nós. Aí rola a famosa obsessão, quando os espíritos inferiores nos influenciam ao uso das drogas.
Por isso, a melhor saída é a famosa frase "orai e vigiai", pois quando acompanhados de bons espíritos, estamos sujeitos a boas influências.
Não deixe de ler : O Livro dos Espíritos , livro II, cap. IX, de Allan Kardec; Nós os jovens , pelo espírito Rosângela; Não pise na bola , de Richard Simonetti; Um roqueiro no além , pelo espírito Zílio. Existem diversas obras de estudo e romances que tratam sobre as drogas. Consulte uma boa livraria espírita e desenvolva o tema em sua Mocidade!
Livro dos espiritos II capítulo.
Há outra palavra acerca da qual importa igualmente
que todos se entendam, por constituir um dos fechos de
abóbada de toda doutrina moral e ser objeto de inúmeras
controvérsias, à míngua de uma acepção bem determinada. É a palavra alma. A divergência de opiniões sobre a
natureza da alma provém da aplicação particular que cada
um dá a esse termo. Uma língua perfeita, em que
cada idéia fosse expressa por um termo próprio, evitaria
muitas discussões.
Segundo uns, a alma é o princípio da vida material
orgânica. Não tem existência própria e se aniquila com a
vida: é o materialismo puro. Neste sentido e por comparação, diz-se de um instrumento rachado, que nenhum som
mais emite: não tem alma. De conformidade com essa
opinião, a alma seria efeito e não causa.
Pensam outros que a alma é o princípio da inteligência, agente universal do qual cada ser absorve uma certa
porção. Segundo esses, não haveria em todo o Universo senão uma só alma a distribuir centelhas pelos diversos
seres inteligentes durante a vida destes, voltando cada centelha, mortos os seres, à fonte comum, a se confundir com
o todo, como os regatos e os rios voltam ao mar, donde
saíram. Essa opinião difere da precedente em que, nesta
hipótese, não há em nós somente matéria, subsistindo alguma coisa após a morte. Mas é quase como se nada subsistisse, porquanto, destituídos de individualidade, não mais
teríamos consciência de nós mesmos. Dentro desta opinião, a alma universal seria Deus, e cada ser um fragmento da divindade. Simples variante do panteísmo.
Segundo outros, finalmente, a alma é um ser moral,
distinto, independente da matéria e que conserva sua individualidade após a morte. Esta acepção é, sem contradita,
a mais geral, porque, debaixo de um nome ou de outro, a
idéia desse ser que sobrevive ao corpo se encontra, no estado de crença instintiva, não derivada de ensino, entre
todos os povos, qualquer que seja o grau de civilização de
cada um. Essa doutrina, segundo a qual a alma é causa e
não efeito, é a dos espiritualistas.
Sem discutir o mérito de tais opiniões e considerando
apenas o lado lingüístico da questão, diremos que estas
três aplicações do termo alma correspondem a três idéias
distintas, que demandariam, para serem expressas, três
vocábulos diferentes. Aquela palavra tem, pois, tríplice acepção e cada um, do seu ponto de vista, pode com razão defini-la como o faz. O mal está em a língua dispor somente de
uma palavra para exprimir três idéias. A fim de evitar todo
equívoco, seria necessário restringir-se a acepção do termo
alma a uma daquelas idéias. A escolha é indiferente; o que se faz mister é o entendimento entre todos, reduzindo-se o
problema a uma simples questão de convenção. Julgamos
mais lógico tomá-lo na sua acepção vulgar e por isso chamamos ALMA ao ser imaterial e individual que em nós reside e sobrevive ao corpo. Mesmo quando esse ser não existisse, não passasse de produto da imaginação, ainda assim
fora preciso um termo para designá-lo.
Na ausência de um vocábulo especial para tradução
de cada uma das duas outras idéias a que corresponde a
palavra alma, denominamos:
Princípio vital o princípio da vida material e orgânica,
qualquer que seja a fonte donde promane, princípio esse
comum a todos os seres vivos, desde as plantas até o homem. Pois que pode haver vida com exclusão da faculdade
de pensar, o princípio vital é coisa distinta e independente.
A palavra vitalidade não daria a mesma idéia. Para uns o
princípio vital é uma propriedade da matéria, um efeito que
se produz achando-se a matéria em dadas circunstâncias.
Segundo outros, e esta é a idéia mais comum, ele reside em
um fluido especial, universalmente espalhado e do qual cada
ser absorve e assimila uma parcela durante a vida, tal como
os corpos inertes absorvem a luz. Esse seria então o fluido
vital que, na opinião de alguns, em nada difere do
fluido elétrico animalizado, ao qual também se dão os
nomes de fluido magnético, fluido nervoso, etc.
Seja como for, um fato há que ninguém ousaria contestar, pois que resulta da observação: é que os seres orgânicos têm em si uma força íntima que determina o fenômeno da vida, enquanto essa força existe; que a vida material
é comum a todos os seres orgânicos e independe da inteligência e do pensamento; que a inteligência e o pensamento são faculdades próprias de certas espécies orgânicas; finalmente, que entre as espécies orgânicas dotadas de inteligência e de pensamento há uma dotada também de um
senso moral especial, que lhe dá incontestável superioridade sobre as outras: a espécie humana.
Concebe-se que, com uma acepção múltipla, o termo
alma não exclui o materialismo, nem o panteísmo. O próprio espiritualismo pode entender a alma de acordo com
uma ou outra das duas primeiras definições, sem prejuízo
do Ser imaterial distinto, a que então dará um nome qualquer. Assim, aquela palavra não representa uma opinião: é
um Proteu, que cada um ajeita a seu bel-prazer. Daí tantas
disputas intermináveis.
Evitar-se-ia igualmente a confusão, embora usando-se
do termo alma nos três casos, desde que se lhe acrescentasse um qualificativo especificando o ponto de vista em
que se está colocado, ou a aplicação que se faz da palavra.
Esta teria, então, um caráter genérico, designando, ao mesmo tempo, o princípio da vida material, o da inteligência e o
do senso moral, que se distinguiriam mediante um atributo, como os gases, por exemplo, que se distinguem aditando-se ao termo genérico as palavras hidrogênio, oxigênio, ou
azoto. Poder-se-ia, assim, dizer, e talvez fosse o melhor, a
alma vital — indicando o princípio da vida material; a alma
intelectual — o princípio da inteligência, e a alma espírita
— o da nossa individualidade após a morte. Como se vê,
tudo isto não passa de uma questão de palavras, mas questão muito importante quando se trata de nos fazermos entendidos. De conformidade com essa maneira de falar, a alma vital seria comum a todos os seres orgânicos: plantas, animais e homens; a alma intelectual pertenceria aos
animais e aos homens; e a alma espírita somente ao
homem.
Julgamos dever insistir nestas explicações pela razão
de que a doutrina espírita repousa naturalmente sobre a
existência, em nós, de um ser independente da matéria e
que sobrevive ao corpo. A palavra alma, tendo que aparecer
com freqüência no curso desta obra, cumpria fixássemos
bem o sentido que lhe atribuímos, a fim de evitarmos
qualquer engano.
Passemos agora ao objeto principal desta instrução
preliminar.
segunda-feira, 22 de abril de 2019
Livro dos espiritos I capítulo.
Para se designarem coisas novas são precisos termos
novos. Assim o exige a clareza da linguagem, para evitar a
confusão inerente à variedade de sentidos das mesmas palavras. Os vocábulos espiritual, espiritualista, espiritualismo
têm acepção bem definida. Dar-lhes outra, para aplicá-los
à doutrina dos Espíritos, fora multiplicar as causas já numerosas de anfibologia. Com efeito, o espiritualismo é o
oposto do materialismo. Quem quer que acredite haver em
si alguma coisa mais do que matéria, é espiritualista. Não
se segue daí, porém, que creia na existência dos Espíritos
ou em suas comunicações com o mundo visível. Em vez
das palavras espiritual, espiritualismo, empregamos, para
indicar a crença a que vimos de referir-nos, os termos espírita e espiritismo, cuja forma lembra a origem e o sentido
radical e que, por isso mesmo, apresentam a vantagem de
ser perfeitamente inteligíveis, deixando ao vocábulo espiritualismo a acepção que lhe é própria. Diremos, pois, que a doutrina espírita ou o Espiritismo tem por princípio as relações do mundo material com os Espíritos ou seres do
mundo invisível. Os adeptos do Espiritismo serão os espíritas, ou, se quiserem, os espiritistas.
Como especialidade, O Livro dos Espíritos contém a doutrina espírita; como generalidade, prende-se à doutrina
espiritualista, uma de cujas fases apresenta. Essa a razão
por que traz no cabeçalho do seu título as palavras: Filosofia espiritualista.
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